quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Breve comentário sobre emigrantes, teleféricos, queijo da serra, águias zarolhas e hardcore.

Recomendo a todos os que me ouvem, mas em particular aos que me lêem (até porque se me ouvem algo de muito errado se passa convosco) que, e peço a vossa mais sincera atenção para isto, andem de teleférico.
Isto o quanto antes. E de preferência no teleférico da torre da Serra da Estrela.

Ah e tal, e porquê o da Serra da Estrela e não outro qualquer, um teleférico é um teleférico, pergunta um de vós, o mais audaz.

Porque, e peço a vossa mais sincera atenção para isto, é o único no qual me lembro de ter andado, e não sou menino de me pronunciar sobre o que não sei. Daí que os meus temas de conversa se resumam a política internacional, física quântica, e sexo. Sexo não, hardcore. Sexo falei muito nos meus tenros anos, antes de chegar às dez primaveras (até porque ninguém tem 10 primas Veras.... esta foi tão boa).

Agora o teleférico.

Chego ao topo de Portugal Continental numa bela manhã de Verão,  saio do carro e sinto aquele calor abrasador.

Perdão, frio aterrador.

Visto um casaquito e aproximo-me da cabana onde se vendem os bilhetes. Discreto e educado como sou, espero pela minha vez e apercebo-me do que me rodeia, entretanto.

Apercebo-me da águia que avistou o coelho, a 780 metros dali, direcção noroeste, e delicio-me com o vôo picado que executou, perfeito, sublime, até bater com a cabeça numa rocha e quinar.

O coelho ia morrendo também, mas de riso.

Apercebo-me da cueca fio dental enfiada na gaveta da octagenária. Porquê uma cueca fio dental numa octagenária, pergunta um de vós, o mais audaz. Bem visto, posso ter feito confusão, podia ser um lençol.

Apercebo-me de um diálogo entre uma senhora emigrante e o distintíssimo senhor que vende bilhetes.

"Xiiii" - diz a senhora - "meia hora é muito longe".

"---" - é a resposta do distintíssimo senhor que vende bilhetes.

"Mas..." - continua a emigrante - "se a gente quiser, podemos botar-nos abaixo, não podemos?"

"Está aqui um placard com as regras e são para cumprir" - cuspiu o distintíssimo senhor que vende bilhetes.

E é aqui que eu entro nesta história. Fartei-me de estar para aqui caladinho e tenho que dizer que, e peço a vossa mais sincera atenção para isto, se quiserem botar-se abaixo de um teleférico com seis metros de altura, pá, mandem-se. Melhor, amandem-se. Se acharem que meia hora é longe, botem-se do teleférico abaixo.

Se fizerem isso, já não se vão sentar a 50 centímetros da minha toalha, nem se vão descalçar mesmo ao meu lado, lembrando-me desnecessariamente que ainda não tinha comprado um queijo da Serra.

Nunca mais é Setembro.

P.S- Botar-nos abaixo. Tão bonito.